sexta-feira, 15 de maio de 2009

O convite

Não me interessa o que você faz para viver. Eu quero saber aquilo que você mais deseja, e se ousa sonhar satisfazer os anseios do seu coração. Não me interessa quantos anos você tem. Eu quero saber se você se arriscará parecer tolo por amor, por seus sonhos, pela aventura de estar vivo. Não me interessa que planetas estão quadrando a lua. Eu quero saber se você atingiu o centro de sua dor, se foi aberto pelas traições da vida ou se tornou encolhido e fechado pelo medo de dores mais profundas! Eu quero saber se você pode se sentar com a dor, minha e a sua própria, sem tentar esconder, dissipar, ou remediar essa dor. Eu quero saber se você pode estar com a Alegria, minha e a sua própria, se pode dançar com loucura e deixar o êxtase preenchê-lo até as pontas dos pés e das mãos, sem alertar-nos para sermos cuidadosos, realistas ou lembrar-nos das limitações de sermos humanos. Não me interessa se a história que você está me contando é verdadeira. Eu quero saber se você consegue desapontar o outro para ser verdadeiro com você mesmo, se pode suportar a acusação de traição e não trair a sua própria alma. Eu quero saber se você consegue ser descrente e, assim, confiável! Eu quero saber se você consegue ver a beleza mesmo quando não são belos todos os dias, e se você consegue alimentar sua vida através dessa presença. Eu quero saber se você pode conviver com o fracasso, seu e meu, e ainda erguer-se à beira do lago e gritar para o prateado da lua, "Sim"! Não me interessa saber aonde você viveu ou quanto dinheiro você tem. Eu quero saber se você consegue se levantar após uma noite de mágoa e desespero, abatido e machucado até os ossos, e fazer o que dever ser feito pelas crianças. Não me interessa quem você é ou como chegou aqui. Eu quero saber se você permanecerá no centro do fogo comigo sem recuar. Não me interessa onde ou o que ou com quem você estudou. Eu quero saber o que te sustenta internamente quando todo o resto desmorona. Eu quero saber se você consegue ficar sozinho consigo mesmo. E se você realmente gosta de sua companhia nos momentos vazios.


Sonhador da Montanha Oriah, Ancião Índio, maio de 1994